Wednesday, September 24

Evita

Devo dizer que "Evita - the musical" nao impressionou. Por outro lado, as criticas nos jornais e sites culturais sao otimas. Especialmente por ter no elenco Louise Dearman, que costuma ficar em cartaz com musicais no West End, em Londres. Nao posso dizer que nao gostei, pois seria mentira descarada. Sim, gostei. Me diverti. Relembrei um pouco da historia de Eva Peron e da epoca politica na Argentina.

Talvez eu esteja mal acostumada. Vou no que posso em relacao a atividades culturais e acredito ter adquirido um habito um pouco egoista: quero que tudo seja mais do que espero. Melhor encenado, mais bonito, mais sucesso, mais famoso, melhor-mais-otimo. Menos mais caro, logico. Entao preciso relaxar mais e nao criar muitas expectativas. Foi bom igual e tenho certeza de que 99% das pessoas que estavam no teatro naquele dia adoraram e veriam novamente. Mas sou dificil de agradar, e acho essa minha atitude muito feia =p

Pra esse espetaculo particularmente quase nao consegui ingressos. O musical esta em cartaz por uma semana apenas e, como tudo o que vem pra Dublin, lotado todos os dias. Fomos na matinee, Dani e eu, por ser o unico horario do sabado ainda com algumas cadeiras disponiveis.

Pra terminar, eu diria pra, se a oportunidade aparecer, nao deixar de ir. De sobra, ainda tem orquestra ao vivo e otimos atores cantando musicas que ficaram famosas apos o lancamento do filme, como "Don't Cry for me, Argentina" e "Another Suitcase in Another Hall".

The Road

Um dos raros livros que me fez chorar. Um daqueles que a gente nao quer que acabe mas que, ao mesmo tempo, nao consegue largar. "The Road" e' um livro do americano Cormac McCarthy, foi escrito em 2006 e recebeu, um ano depois, o Premio Pulitzer de Ficcao.

O autor conta a trajetoria de um pai e um filho lutando para sobreviver apos um evento que fez com que toda a civilizacao fosse destruida. A cada virada de paginas, o leitor pode esperar cinzas, canibalismo, medo, suspense, inocencia, luta, desejo, persistencia, fome, deserto, frio, neve e dificuldades.

Nao vou falar demais por dois motivos. O primeiro, posso escrever paragrafos e paragrafos, sem pausa. O segundo, mesmo escrevendo paragrafos e paragrafos, seria dificil colocar em palavras a emocao que esse livro me trouxe. Um dos melhores, sem duvidas.

Enquanto pesquisava para achar a foto da capa do livro, descobri que a versao cinematografica esta em producao. Seguem algumas imagens.



Friday, September 19

Programacao de Inverno

Programacao cultural para os proximos dias. Espero poder comentar, mesmo que rapidamente, sobre cada um deles.

Setembro
. 19 Culture Night
. 20 Evita – the Musical
. 27 The Elvis Presley Story
. 29 Metamorphosis

Outubro
. 04 The Year of Magical Thinking
. 13 – 15 Madrid Open de Tenis
. 31 Halloween Party

Novembro
. 01 Magick Macabre

Dezembro
. 07 Brasil

Janeiro
. 10 Dublin

Marco
. 02 Mini Trip pela Europa [2 semanas]

Abril
. 04 Cirque du Soleil [Quidam]

Monday, September 15

"Minha alegria, meu cansaco..."

Estou tao cansada desde que comecei no novo emprego que a minha cabeca anda uma desorganizacao so'. E' como se me dessem um dia com apenas 12 horas e eu tivesse que continuar com todas as atividades que geralmente faco em 24. Nao e' uma reclamacao. E' apenas um desabafo. Talvez um desabafo bom. Mas na correria. Ter tempo pra ler meus livros e' do que mais sinto falta. Geralmente chego em casa tao cansada, que mal consigo passar da decima pagina antes de cair no sono. Nao gosto de empacar em livro. Muito menos parar de ler na metade, embora alguns nao tenham me dado animo o suficiente pra continuar a virada das paginas.

Esses ultimos meses tambem foram premiados como "meses dos acontecimentos". Nunca vi tanta coisa acontecer tao rapido e em tao pouco tempo. Vieram a Kitchy, a Gabi (pra ficar), a Maira e o Marcelo. A agencia fechando, a procura por emprego, a ida 'a entrevistas, a mudanca de professores na escola, os festivais de teatro, a compra de ingressos, meu aniversario, os aniversarios em agosto, as festas, decisoes, o novo emprego, um dilema especifico, pagamentos, depositos, a volta as aulas, idas-extras ao banco, os artigos pro jornal, a tentativa pra ficar ruiva, a descoberta dos livros de fantasia e da agua de sabor, despedidas... Ahhhh!

Minha cabeca esta' a mil por hora e estava ainda pior uns dias atras. Mal vejo os que moram comigo, mal entro na sala e so' passo pela cozinha pra ir ao banheiro. Vou ao mercado no meu break do trabalho aos domingos, vou ao banco no horario de almoco, troco uma peca de roupa no caminho entre o trabalho e a escola. Nao penso mais muito. Quando leio, caio no sono. Tomo mais cafe, mas tambem como menos besteiras. Quando a gente tem tempo, a gente come mais. Pra preencher o espaco.

Minha rotina no dia-a-dia nao e' longa. Mas e' cansativa. Comeco no trabalho as 9h, o que me da quase uma hora a mais de sono se comparado ao meu emprego anterior. Tenho uma hora e quinze de almoco - que e' quando aproveito pra comer ou entao ir ao banco, 'a bilheteria, pra ler e responder meus emails e tentar me manter em contato com o povo. Trabalho depois ate 17h30, sem parar um minuto. As aulas comecam as 18h30. Levo meia-hora ate a escola. As vezes escapo pra olhar uma loja ou comprar alguma coisa pra comer. Fico na aula ate as 21h30 e chego em casa sao quase 22h. Tomo banho. Tento ler. Capoto ate o outro dia.

Aos domingos, trabalho das 8h as 18h. Sabados sao os dias que tenho de folga. Por incrivel que pareca, nao gosto de parar em casa. Invento algo pra fazer. Sair, caminhar, fazer algum trabalho voluntario, ler no parque, tomar um cafe, ir no teatro, tomar um vinho no pub, almocar num lugar diferente, gastar o dinheiro com coisas que eu nao necessariamente preciso. As ultimas visitas tornaram meus sabados mais agitados e cansativos. Com o sono atrasado, fico nervosa facil e sinto mais ainda a bagunca que esta' dentro da minha cabeca. Como se, apesar de toda a correria, algo ainda faltasse. Esse "algo" besta, como ler com frequencia, saber das noticias e parar de correr um pouco no meu horario de almoco. Conversar mais e olhar as coisas direito. Nao apenas passar o olho. Sair do automatico e sentir melhor.

Mas e' a correria que adoro. So' preciso aprender a controlar melhor o meu tempo, o meu sono, o meu cansaco.

Thursday, September 11

A papelaria da Velha

Engracada a nossa memoria. Quando desejamos lembrar de um fato, um dado, um nome ou numero, as vezes falha. Nos deixa na mao.

Hoje, entre uma atividade e outra aqui no trabalho, me veio uma lembranca de muito tempo. Ainda pequenas, quando minha irma e eu moravamos em Blumenau / SC, visitavamos sempre uma papelaria no mesmo bairro da nossa casa.

Ate que um dia descobrimos que o comercio estava a venda. Nossos pais imaginaram se nao seria uma boa investir num negocio. Depois imaginaram se nao iriam `a falencia com duas filhas que adoravam cores, papelada e bichinhos.

Por pouco nao viramos herdeiras de um dono de papelaria no bairro da Velha.

Saturday, September 6

A fase da jaqueta


Esses dias percebi o quanto e' dificil encontrar a jaqueta perfeita. Futil, eu sei. Mas e' verdade. Inverno passado comprei uma jaqueta mais longa, com capuz e impermeavel, ideal pro tempo aqui. Mas nao e' daquelas pra usar quando estamos um pouco mais arrumadas, sabe? Entao comprei uma outra que tambem e' um pouco mais longa, mas sem capuz e nao-impermeavel.

Ai' esses tempos a chuva nao deixava a Irlanda em paz e o vento impedia que o guarda-chuva permanecesse sobre nossas cabecas. Como a jaqueta de inverno - aquela impermeavel - e' muito quente pra essa epoca do ano, comprei uma que e' impermeavel, mas fina. Com capuz. Acontece que o capuz nao fica firme na minha cabeca, por nao ter as cordinhas que nos deixam parecendo os meninos do South Park.

Esses dias encontrei uma num pub. Curta, mas bem quentinha. Mas sabem quando nao cai bem com todas as cores ou calcas que a gente tem? Ela e' roxa. Nao tem capuz, nao e' impermeavel, nao e' comprida, mas e' bonitinha.

Em comemoracao ao meu aniversario, sai' hoje e me deparei com uma outra versao mais arrumada. Comprei, mas e' branca. Agora estou em busca de uma preta.

Ai' eu queria uma mais esporte. Fui atras e comprei uma azul. Meia-manga. Mas queria uma de manga comprida. Comprei uma cinza. Mas nao caia bem com as calcas de moletom. Comprei uma preta.

Tenho uma curtinha, jeans, que as vezes nao e' quente o suficiente pra ca'. Tenho uma bege, uma rosa. Tenho umas que nao uso mais por ter enjoado. Algumas abandonei por ter mudado de opiniao em relacao a como elas caem em mim. E' fase. Uma fase boba. Ja' tive fases de sapatos. Tive a fase de encontrar a sandalia pra todas as ocasioes. Fase de comprar bolsas. Fase de produtos de higiene e maquiagem. Fase de livro, de calca, de cachecol, de camiseta, camisete, camisola. Epocas de bijouteria, de objetos pra decoracao, de velas aromaticas e incensos, de cereal.

Atualmente estou na fase das jaquetas, casacos e afins. Nao deve durar muito mais do que isso. Ate' porque eu tenho a consciencia de que e' besta e consumista. Mas vai... todo mundo e' um pouco mulherzinha de vez em quando.

Monday, September 1

Strange Transmissions

I could trip and I want you to know
Every time I think that I think I should go
I receive strange transmissions


Uma daquelas epocas estranhas. Nao ruins. Tambem nao podem ser descritas como tristes, desapegadas, vagais. Sao estranhas. De uns dias pra ca, e' como se todo esse agito frenetico simplesmente parasse. Como se, por um momento, o tempo congelasse e isso me fizesse sentir tudo o que a correria fez passar batido ou que meu coracao nao quis enxergar.

O fechamento da agencia, a despedida na ultima semana, o inicio de um novo emprego hoje pela manha, uma rotina diferente prestes a comecar. Ate se tornar banal, sem querer atencao, automatica. Esses ultimos dias trouxeram as lagrimas aprisionadas ha' tempos. Os anseios, receios, recheios. E' como se o mundo disesse: "Para! E pensa. E sinta um pouco tambem. Prove um bocado da sensacao, mesmo que a aparencia nao seja das mais convidativas. Deixe-se levar. Esqueca o futuro por um instante e traga as preocupacoes para o presente. Ou entao deixe que aparecam somente quando for a epoca. Por enquanto, viva."

Esses dias sao os dias sensiveis. Se acreditam em inferno-astral, pode ser tambem uma justificativa. O coracao mole, as vezes um pouco apertado. E, quando procuramos um motivo, e' dificil de encontrar. Como a chave do carro que a gente perde e recupera somente quando ja' temos uma reserva em maos. Talvez eu deva parar de revirar as dobras do cerebro em busca de uma causa pra um sentimento tao comum. Talvez eu deva apenas me deixar levar. Acredito precisar ser um pouco fraca vez ou outra. Deixar de ser a que cuida, pra ser cuidada. Deixar de parecer forte e mostrar um pouco da face que muitos nao veem.

Chorar. E, depois de um tempo, sorrir por estar feliz. Pelo choro ter ajudado no desabafo. Esvaziar o coracao, abrir espaco pra novos desafios e sensacoes. Por que o medo? Ne'?

Que coisa!
 
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