Friday, October 23

Estranhezas brasileiras

Ai, eu seeeeei.
Demorei pra vir e confesso que morro de saudades de me manter propriamente atualizada nos blogs de cada um de vocês, mas a situação ultimamente não me permite tal luxo. A correria aqui continua e fica ainda pior quando a elemente aqui já tem um emprego e insiste em correr atrás de outro mesmo assim.

De qualquer forma, esmaguei meus compromissos pra poder aparecer por aqui e registrar alguns momentos dos últimos dias. Acredito que o pessoal que passou um tempo fora e retornou ao Brasil deve sentir mais ou menos como eu esses dias.


Não tem como ignorar as seguintes estranhezas:

. os preços das coisas no Brasil
Genteee, o que é isso? Sempre foi assim e eu mudei meus conceitos ou ficou caro desse jeito enquanto eu estava fora? Achar um xarope pra tosse barato quando o mesmo custa 10 reais é absurdo pra mim. Em Dublin, uma das cidades mais caras da Europa, um xarope custa menos de 3 euros. Mesmo convertendo, no Brasil ainda é caro.

. o povo falando português
Ainda acho estranho escutar nossa língua o tempo inteiro. Às vezes estou num restaurante ou na rua e QUASE chego a comentar: "olha, um brasileiro!" Duh.

. um estabelecimento que abre às 10h e fecha aos sábados ao meio-dia
O povo que trabalha a semana inteira faz compras quando? Na hora do almoço? Tem que pedir folga e usar o banco de horas?

. as filas pra TUDO
Por favor, até na farmácia tem fila! Pra entrar no shopping, pra comprar calzone, pra usar o orelhão, pra chegar em casa, pra comprar pão, pra apostar na mega-sena, pra pagar conta, pra reclamar do produto com defeito, pra dar parabéns pra alguém, pra cumprimentar a noiva, pra estacionar, pra abastecer... sem falar nos bancos.

. por falar em bancos... as GREVES
Acho que a gente adora greve. Não tá feliz, sai. Procura outra coisa. Faz um esquema pra receber seguro desemprego e vaza. Tanta gente querendo trabalhar e o povo fazendo doce. Por favor!

. a nova reforma ortográfica
Sei que isso é passado já, mas eu tô sentindo os efeitos colaterais só agora. Trema... cadê? Hífen... cadê? Dobrar consoantes, não acentuar 'ideia'. Tudo muito estranho pra mim.

. estar por fora de tudo
Tem tanta coisa diferente que dia me sinto a velha que não se atualiza, dia me sinto a que veio do Nordeste pra Santa Catarina. As coisas realmente mudam bastante. A gente é que não vê. Tô penando pra me atualizar em relação à praticamente tudo. Juliana do BBB? Quem é essa? Revista Kzuka? Os 80 anos da Fernanda Montenegro? Gugu na Record? Ratinho onde mesmo? Profissão Repórter? Ai...

. a violência
Mas isso sempre me impressionou demais.






Crédito da Imagem.

Tuesday, October 6

Vida musical

Gente, eu tenho problemas. Problemas sérios. Coloquei meus pés de volta na terrinha há quatro dias. Todo mundo que retorna, ainda mais depois de alguns anos fora, gosta de ficar de férias e curtir a família antes de se empolgar pra conseguir um emprego e encarar a vida (sur)real.

Eu não.

Como disse: problemática. Algo não bate bem, faltou preguiça quando meus pais me fabricaram, ou sobrou agitação e ansiedade. Não sei bem, mas algo tem de muito estranho comigo. No meu segundo dia ainda estava imaginando se isso tudo é mesmo real, se eu viajei mesmo da Irlanda pra cá, se meu vôo atrasou em Guarulhos, se fiz mesmo a surpresa pros meus pais. No terceiro dia em terras brasileiras, já estava procurando o que fazer.

Por onde começar? Com quem falar? Quais os contatos quentes do jornalismo florianopolitano? Meu currículo tá legal? Será que envio tudo isso por email ou arrisco os correios?

E a greve dos bancos, minha gente? Me desacostumei com isso tudo. E o preço de uma meia-calça? Quase caí pra trás quando a atendente cobrou mais de DEZESSETE reais da minha irmã por uma meia-calça simplona, cor-da-pele, nada-demais.

Fui presenteada com um tempinho nublado, muito obrigada! Nem precisa me conhecer muito pra saber que o calor não me agrada. Hoje já fui meio grossa com minha mãe por ela ter me feito uma pergunta e ter me interrompido enquanto eu respondia a mesma. Hoje já vi meus pais e minha irmã discutirem por coisas simples. E também me irritei com uns trejeitos de alguém.

Aqui tá tudo mesmo igual. Após três anos e meio... tudo igual. Umas rugas a mais em alguns, uns fios de cabelo branco em outros, umas barriguinhas salientes, algumas amigas grávidas, outras na mesma, outras das quais não me lembro mais o nome. Mas igual.

Fiquei, portanto, com um sentimento estranho em relação a um recomeço. E todas aquelas perguntas começaram a me assombrar novamente. Como vai ser? E o emprego? O salário? Meu relacionamento com meus pais, com os pais do Vi, com meus amigos. E as novas amizades? Minhas dívidas? Um carro?

Esse sentimento estranho que me faz escutar cada música e prestar atenção na letra e me emocionar talvez sem motivo. Será o Brasil mais dramático? Quais os motivos por me sentir dessa maneira? Serão os sentimentos ainda à flor da pele? Vai passar? Será saudade? Será alegria por estar rodeada de pessoas que me amam e querem bem? Será nostalgia? Será decepção, tristeza, incompreensão?

O que será, afinal? Será o Português que me deixa assim, sem saber me expressar direito? Não sei bem. Espero logo vir e ter respostas para todos os questionamentos, mesmo os mais bobos.

A vontade de chorar é constante. Se por alegria ou preocupação, não sei. Benditas letras das músicas que dizem exatamente o que sentimos, e benditas as melodias que nos tocam lá no fundo.







Crédito da Imagem.


Saturday, October 3

Ate' nisso a Irlanda foi perfeita.
Me permitiu partir sem lagrimas... sem que eu tivesse que me explicar.

 
design by suckmylolly.com