Quanto mais a viagem se aproxima, mais percebo valorizar as pequenas coisas, como há tempos não fazia. Aliás, sempre tentei dar máxima importância aos acontecimentos simples. E sempre tive um retorno bastante satisfatório em relação a isso. Agora, com viagem marcada, passo a me importar ainda mais. Desde comer um sushi, até andar descalça na areia da praia. Gasto meu dinheiro com mais prazer. No final, não é gasto. É investimento. Ao mesmo tempo, deixo de comprar alguns apetrechos que sei que serão abandonados por aqui, pois não poderei levá-los comigo. Tenho direito a duas malas, com 20 quilos cada uma. Parece muito. Mas para quem vai passar no mínimo seis meses longe - muito longe - de casa, é quase que insuficiente. Ainda mais tendo de levar roupas pesadas, grossas, que protejam do frio e da chuva.
O Vitor, meu namorado tão compreensivo, companheiro e amigo para todas as horas, carrega consigo a santa e divina paciência. Tenho pequenos surtos vez ou outra. Sobra para ele, claro. Ou melhor, para os ouvidos dele, que me agüentam falando das escolhas que temos que fazer, do que levar, do que abandonar, da saudade, do risco, da insegurança e do medo. Os dias a mais no mês, são dias a menos para o embarque. E aos poucos vamos tentando aproveitar ao máximo as coisas que sempre tivemos ao alcance, mas que nem sempre demos o devido valor.
Falta pouco mais de um mês. De tudo o que terei de encaixotar para a mudança, desocupei apenas as prateleiras de livros. Algo me diz que, se fizer aos poucos, será mais fácil. Mas olhar para a estante vazia é somente o começo de todo um processo, no qual terei que, cedo ou tarde, deixar para trás objetos, pessoas e lugares dos quais gosto demais. É por uma conquista, por aprendizados, por amadurecimento. E é temporário.
Se não fosse agora, não seria mais.
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