As vezes me pego pensando como e' estranho estar longe de casa. Antes de vir morei cinco anos fora da casa dos meus pais. O comeco foi complicado. Muitas coisas com as quais se acostumar, tombos pra poder aprender e a bendita e necessaria responsabilidade. Hoje, quando olho pra tras, percebo o quanto foi enriquecedor e como passar por momentos de angustia foi importante para meu amadurecimento.
Hoje estou em outra fase. Convivo com pessoas diferentes, de varias partes do mundo. Moro com um casal que conheci ha' menos de dois meses e que, muitas vezes, parece nao ter nada em comum comigo ou com o Vitor. Caminho mais do que jamais caminhei, mas nao me importo. Convivo com o frio, com o vento, com a garoa quase que diaria. Uso uma jaqueta de chuva e me acho ridicula. Mas uso.
Moro num apartamento novo, com tudo o que preciso, mas e' estranho nao ter um enfeite na mesa, um porta-retrato no quarto, um mural na parede. E' estranho nao ter armarios no banheiro ou prateleiras no guarda-roupa, e ter que deixar as camisetas num armario do corredor. Tambem e' estranho tomar cafe' da manha, enquanto no Brasil eu nunca faria isso. O maximo seria uma xicara de cafe' quentinho ou Nescau gelado. E' estranho ter que comprar leite e pao a cada dois dias depois da aula, ligar o aquecedor de agua e esperar por meia hora antes de tomar banho, desligar os aparelhos da tomada pra nao gastar energia alem do necessario.
Sentir a calca apertada, juntar o dinheiro pra pagar o aluguel, tentar economizar na conta de luz, conviver com pessoas que nao se importam em sujar as ruas e o interior dos onibus mesmo com lixeiras espalhadas em cada esquina. Almocar fora de casa, se sentir perdida quando nao tem o que fazer, trabalhar nos finais de semana, nao ter dias de folga, frequentar uma escola de ingles onde 95% sao brasileiros, repor o estoque, colocar a compra dos outros na sacola, nao saber os nomes de alguns tipos de pao e mesmo assim tentar acertar na hora da venda. Atender pessoas famosas que eu nunca vi na vida, nem nunca ouvi falar, nem sei o que fazem para serem tao conhecidas. Alem, e' claro, de ser chamada de "Janina" porque aqui ninguem consegue pronunciar meu nome da maneira como deve ser.
Tudo isso e' estranho, mas eu gosto. Gosto do fato de ser diferente, de nunca ter passado por situacoes parecidas, de falar ingles ate' mesmo com brasileiros. Nao gosto da saudade. Mas sei que ate' ela me ajuda, pois quando eu voltar, quando vir meus amados de novo, saberei dar o devido valor.
1 comment:
é... é a experiência trazendo o amadurecimento.
acabei de ler o e-mail.
e, juro, hoje escrevo uma carta. :)
beijão, Janinha.
ps: eu nunca entendi é o apelido de 'nina'...
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