Monday, August 27

Corro para nao ficar parada

Os ultimos dias foram de total correria. Apos um fim de semana regado a produtos de limpeza, esponjas de aco e muita forca no braco, o apartamento - que hoje chamamos de "nossa casa" - entrou nos eixos. Tiramos gordura do fogao, manchas da parede e cabelo do chao. Esfregamos banheira e carpetes, espelhos e janelas, moveis e escadas. Nao lembro de ter me sentido tao cansada no final do dia. Aos poucos conseguimos colocar nossa personalidade nos quatro cantinhos, com a ajuda de livros preferidos, incensos deliciosos, toalhas coloridas e DVDs viciantes. A compra de um novo edredon e as toalhas que ganhamos de presente tambem foram responsaveis por deixar tudo mais bonito.

A dor nos bracos e a falta de armarios nao fez com que ninguem desistisse e ainda tive pique para enfrentar uma das semanas mais agitadas dos ultimos tempos. Show da Norah Jones na quinta, Riverdance na sexta, Galway no fim de semana. Tudo valido, tudo lindo, tudo inesquecivel. Revi pessoas especiais, abracei a fui abracada, escutei palavras sinceras, fotografei, conheci novos lugares, vi gente diferente, aproveitei o sol, tomei chimarrao, viajei de onibus, dormi em albergue, usei onibus de turismo, dormi tarde, tomei vinho, dei risada e devo ter engordado uns tres quilos depois das minhas refeicoes exageradas.

Entro em detalhes num proximo post. Aos que ainda perguntam: sim, a Norah tem uma voz ainda melhor ao vivo.

Friday, August 17

O flat de Ranelagh

As coisas mudam. Rapido e de repente. Amanha e' dia de mudanca. Deixaremos a tao acolhedora Ranelagh Village e partiremos para o coracao sulista da cidade. Ainda nao sei se e' o certo. Me aperta o coracao o fato de partir e arriscar o certo pelo duvidoso. O flat que nos acolheu durante os ultimos nove meses nao era grande ou luxuoso; nao era novo ou silencioso.

Dividiamos a maquina de lavar com os moradores dos outros sete apartamentos, assim como partilhavamos tambem as discussoes que os vizinhos de baixo decidiam iniciar de madrugada e o sobe e desce nas escadas barulhentas. Nos acostumamos com os sons do casal do flat 1 fazendo sexo nas tardes de sabado, a visao digna de inveja do vizinho fazendo churrasco em dias ensolarados e moradores que esqueciam a chave dentro do apartamento e cometiam a proeza de trancarem-se do lado de fora.

Sentirei saudades das opcoes de trasporte (o Luas na rua principal, a linha 11 em direcao ao centro, a 18 em direcao ao meu trabalho, a caminhada de no maximo 20 minutos ate a escola, 15 ate o Tesco, 10 ate o Herbert Park, dois ate o Spar, tres ate o Centra, um ate a locadora, meio ate o caixa eletronico). Me farao falta tambem a estante que abrigava meus livros, o som da maquina de lavar sobre o nosso quarto, o deposito das malas, a lareira nunca usada, a janela grande na sala, a cozinha minuscula, o chuveiro gostoso e o sofa desconfortavel. Nao poderia deixar de mencionar o "estacionamento das bikes", a bicicleta que sumiu, a taxi estacionado em frente, o gatinho preto da casa da frente que dia desses nao fugiu - chegou perto, se enroscou e me deixou com vontade de rapta-lo e cuidar como se fosse meu.

 
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