Friends of the Elderly e' uma organizacao voltada aos idosos. Alem do planejamento de jantares, bailes e carteados voltados à terceira idade, a instituicao tambem vai em busca de voluntarios para ajudar, tanto nos eventos, como para visitar os velhinhos e conversar.
Para fazer parte, basta preencher um cadastro via Internet, aguardar a ligacao de um dos responsaveis, ir ate' la' para participar de uma entrevista [afinal de contas, eles querem ter certeza de que voce e' uma boa pessoa, tem referencias positivas e fez seu cadastro pelos motivos corretos] e aguardar ate' que te informem que ha' um idoso na sua area que precisa de companhia. A unica coisa que eles pedem, e' que voce se comprometa a visita-los ao menos uma vez por semana, num periodo minimo de um ano.
Foi assim que conheci Una Ryan, com seus 80-e-poucos, na Mollyneux Nursing Home. Ela sofreu uma complicacao e foi parar no hospital no final do ano passado. Apos algumas semanas internadas, os filhos chegaram a conclusao que seria inviavel manda-la de volta pra casa e a colocaram num asilo. Ela morava sozinha num bairro de Dublin chamado Blackrock. Ela nao gosta de la', embora todos os que la' estao hospedados, tenham direito 'a massagens, fisioterapia, manicure e cabelereiros uma vez na semana. Ela quer voltar pra Blackrock e ser independente. Mas Una nao anda direito. Precisa da ajuda do andador. Ela e' insegura, ja' foi depressiva, tem um olho de vidro, mas o outro funciona normalmente. Recem trocou a dentadura de baixo, tem tres filhos - um deles mora na Australia e tem mulher e filhos por la'. A outra filha acabou de comprar um apartamento e aproveitou para tirar a geladeira da casa da mae, que continua vazia. Una nao quer alugar a casa. Ela quer voltar pra la', mas sabe que os filhos tem medo. Una mantem a esperanca. Agora, com o tempo melhor, uma vez por semana uam enfermeira sai com ela pra uma volta na rua, sob o sol. Ela adora. Mesmo se isso significa apena descer e subir os oito degraus na entrada do asilo, com a ajuda do corrimao. Una ainda tem diversos fios de cabelo pretos. E eu, aos 25, ja' encontrei alguns brancos. Ela le um monte e agradece por gostar, "pois isso e' o que faco o dia inteiro". Una quase nao come, ela acha que almocar ao meio-dia e' cedo demais e que jantar as 16h tambem e' cedo demais. Ela prefere cafe' preto, mas nao muito quente. Una tinha um marido, que ja' faleceu, e nao entra muito no assunto. Ela faz aniversario no mesmo dia da Rainha Elizabeth, 21 de abril. Ela tem um filho que, me parece, e' o mais carinhoso dos tres. O da Australia dava noticias sempre. Agora, nao mais. Una adora viajar, embora agora ja' espante a vontade, pois sente que nao podera' mais. Una e' lucida e lembra de tudo. Ela sempre recebe meu beijo na bochecha quando digo tchau. Una senta numa cadeira proxima 'a janela - e que sera' considerada dela ate' o dia em que ela sair de la'. Ela deve ter milhares de historias as quais ainda nao sei. Una gosta de livros de crime e suspense.
E' dificil as vezes conversar com ela, pela simples diferenca de geracoes. Ela nao e' da epoca da maquina digital, do computador, da Internet... esses dias comentei sobre o aparelho de DVD, mas ela mudou de assunto. Ela nao gosta da televisao na sala comum. "O som e' ruim, assim como as noticias que eles trazem." Una tem uma colega, tambem no asilo, que se chama Connie. A Connie e' uma graca.
Una geralmente me ve 'as quintas-feiras. Seu sorriso, quando chego, e' minha maior recompensa.
www.friendsoftheelderly.ie
Para fazer parte, basta preencher um cadastro via Internet, aguardar a ligacao de um dos responsaveis, ir ate' la' para participar de uma entrevista [afinal de contas, eles querem ter certeza de que voce e' uma boa pessoa, tem referencias positivas e fez seu cadastro pelos motivos corretos] e aguardar ate' que te informem que ha' um idoso na sua area que precisa de companhia. A unica coisa que eles pedem, e' que voce se comprometa a visita-los ao menos uma vez por semana, num periodo minimo de um ano.
Foi assim que conheci Una Ryan, com seus 80-e-poucos, na Mollyneux Nursing Home. Ela sofreu uma complicacao e foi parar no hospital no final do ano passado. Apos algumas semanas internadas, os filhos chegaram a conclusao que seria inviavel manda-la de volta pra casa e a colocaram num asilo. Ela morava sozinha num bairro de Dublin chamado Blackrock. Ela nao gosta de la', embora todos os que la' estao hospedados, tenham direito 'a massagens, fisioterapia, manicure e cabelereiros uma vez na semana. Ela quer voltar pra Blackrock e ser independente. Mas Una nao anda direito. Precisa da ajuda do andador. Ela e' insegura, ja' foi depressiva, tem um olho de vidro, mas o outro funciona normalmente. Recem trocou a dentadura de baixo, tem tres filhos - um deles mora na Australia e tem mulher e filhos por la'. A outra filha acabou de comprar um apartamento e aproveitou para tirar a geladeira da casa da mae, que continua vazia. Una nao quer alugar a casa. Ela quer voltar pra la', mas sabe que os filhos tem medo. Una mantem a esperanca. Agora, com o tempo melhor, uma vez por semana uam enfermeira sai com ela pra uma volta na rua, sob o sol. Ela adora. Mesmo se isso significa apena descer e subir os oito degraus na entrada do asilo, com a ajuda do corrimao. Una ainda tem diversos fios de cabelo pretos. E eu, aos 25, ja' encontrei alguns brancos. Ela le um monte e agradece por gostar, "pois isso e' o que faco o dia inteiro". Una quase nao come, ela acha que almocar ao meio-dia e' cedo demais e que jantar as 16h tambem e' cedo demais. Ela prefere cafe' preto, mas nao muito quente. Una tinha um marido, que ja' faleceu, e nao entra muito no assunto. Ela faz aniversario no mesmo dia da Rainha Elizabeth, 21 de abril. Ela tem um filho que, me parece, e' o mais carinhoso dos tres. O da Australia dava noticias sempre. Agora, nao mais. Una adora viajar, embora agora ja' espante a vontade, pois sente que nao podera' mais. Una e' lucida e lembra de tudo. Ela sempre recebe meu beijo na bochecha quando digo tchau. Una senta numa cadeira proxima 'a janela - e que sera' considerada dela ate' o dia em que ela sair de la'. Ela deve ter milhares de historias as quais ainda nao sei. Una gosta de livros de crime e suspense.
E' dificil as vezes conversar com ela, pela simples diferenca de geracoes. Ela nao e' da epoca da maquina digital, do computador, da Internet... esses dias comentei sobre o aparelho de DVD, mas ela mudou de assunto. Ela nao gosta da televisao na sala comum. "O som e' ruim, assim como as noticias que eles trazem." Una tem uma colega, tambem no asilo, que se chama Connie. A Connie e' uma graca.
Una geralmente me ve 'as quintas-feiras. Seu sorriso, quando chego, e' minha maior recompensa.
www.friendsoftheelderly.ie
3 comments:
Que lindo.
Sabe, ultimamente tenho procurado trabalho voluntário com idosos, mas têm sido difícil de achar.
Uma pena.
Beijo!
post encantador, janinha. :)
beijos.
Fiquei boba com tanta delicadeza escrita neste post. Lembrei do tempo em que visitava o asilo onde eu morava e tinha uma senhora que, meu deus, me fazia ganhar o dia. Acho que eu fazia um bem danado a ela também, era um sentimento mutuo. Ela adorava pirulitos. hahaha
Abraço!
Jéssica.
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