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Monday, June 8

Lembranca tua

Tenho pensado tanto em voce esses dias, vo'! Geralmente e' no trabalho. Geralmente a tarde voce vem e pimba! entra nos meus pensamentos. Nada concreto, nenhum momento especifico. Eu penso em voce e em como voce esta'. Estive no Brasil em dezembro e fui com meu pai visitar o Chico. Foi delicioso viajar de carro com teu filho, conversar sobre coisas que nao conversamos quando tem gente junto, escutar musicas que ambos gostamos e chegar em Imbituba pra ver meu padrinho tomando conta de tudo, como de costume.


Foi engracado quando um dos clientes do bar me reconheceu do Metropolitano. "Ta' vendo esse daqui, Jana? Nos dois costumavamos sentar aqui em frente 'a TV pra te assistir todos os dias quando voce fazia aquele programa", o Chico disse. Quando ele fechou o bar pro almoco, fomos ate' sua casa. Deve ser dificil pra ele continuar por la' depois do que aconteceu. Olhar os moveis, a cozinha, o quarto de voces, os gatos e caes de rua que voce insistia em cuidar, o banheiro.


Lembrei do seu feijao e do bife 'a milanesa. Meu pai sempre gostou, sempre comenta sobre como so' voce sabe fazer comida daquele jeito. "Simples, mas gostosa." Voce fez um filho que tem muito a ver comigo, sabia? Meu pai e eu dividimos opinioes e gostos bem parecidos. Pra musica principalmente. E programas de televisao. E o modo de encarar as coisas tambem.


Nunca me esqueco do dia em que fomos todos te ver pela ultima vez. Minha mae me pegou na rodoviaria de Florianopolis. O pai ja' tinha ido e nos aguardava. Me emocionei com o tanto de gente que foi te ver naquele dia. Tanta gente! Muitos rostos desconhecidos por mim, mas com certeza bastante queridos por voce. Me surpreendi quando fui te dar um tchau e, apos um beijo na testa, meus pais me mostraram que voce segurava aquele potinho breeega de perfume de uns mil anos atras.


Voce sempre me disse que lembrava de mim quando olhava pra ele. De plastico, amarelo embaixo, com a tampinha cor-de-rosa no formato de flor. Voce guardou aquele frasco desde a minha infancia. Lembro de ve-lo sempre na estante do seu quarto, destoando de todo o resto. Uma vez voce me disse que o queria com voce ate' o fim. E voce o levou. Acho que foi meu pai - seu filho mais velho - que o colocou em suas maos sem que ninguem soubesse, ja' no velorio apinhado de gente. E voce, como sempre, se agarrou firmemente ao objeto que deve estar contigo ate' hoje. Um pedacinho meu com voce, que me fez perceber o quanto de voce tenho em mim.


 
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